Os girassóis de Van Gogh
Hoje eu vi
Soldados cantando por estradas de sangue
Frescura de manhãs em olhos de crianças
Mulheres mastigando as esperanças mortas.
Hoje eu vi os homens ao crepúsculo
Recebendo o amor no peito.
Hoje eu vi homens recebendo a guerra
Recebendo o pranto como balas no peito
E como a dor me abaixasse a cabeça
Eu vi os girassóis ardentes de Van Gogh!
Manoel de Barros
LIVROS RELEVANTES
- A. Soljenish: Pavilhão de Cancerosos
- Baltasar Gracián: Arte da Prudência
- Charles Baudelaire: Flores do Mal
- Emile Zola: Germinal
- Erich Fromm: Medo à Liberdade
- Fernando Pessoa: O Livro do Desassossego
- Fiódor Dostoiévski: O Eterno Marido
- Franz Kafka: O Processo
- Friedrich Nietzsche: Assim Falou Zaratustra
- Friedrich Nietzsche: Humano, demasiado humano
- Fritjof Capra: O Ponto de Mutação
- Goethe: Fausto
- Goethe: Máximas e Reflexões
- Jean Baudrillard: Cool Memories III
- John Milton: Paraíso Perdido
- Júlio Cortázar: O Jogo da Amarelinha
- Luís Vaz de Camões: Sonetos
- Mario Quintana: Poesia Completa
- Michele Perrot: As Mulheres e os Silêncios da História
- Miguel de Cervantes: Dom Quixote de La Mancha
- Philip Roth: O Anjo Agonizante
- Platão: O Banquete
- Robert Greene: As 48 Leis do Poder
- Salman Rushdie: O Chão que ela pisa
- Schopenhauer: O Mundo como Vontade e Representação
- Stendhal: Do Amor
- Sun Tsu: A Arte da Guerra
- William Faulkner: Luz em Agosto
- William Shakespeare: Hamlet
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
RUBEM ALVES
"Acho que sabedoria e saber sofrer pelas razões certas.
Quem não sofre, quando há razões para isso, está doente
(...). Quem é feliz sempre, e nunca sofre, padece de uma
grave enfermidade e precisa ser tratada a fim de aprender
a sofrer. Sofrer pelas razões certas significa que
estamos em contato com a realidade, que o corpo e a alma
sentem a tristeza das perdas e que existe em nós o poder
do amor (...). Toda experiência de amor traz, encolhida
no seu ventre, à espera, a possibilidade de sofrer.
Assim, a receita para não sofrer é muito simples:
basta matar o amor".
Rubem Alves - do livro: Um mundo num grão de areia)
Quem não sofre, quando há razões para isso, está doente
(...). Quem é feliz sempre, e nunca sofre, padece de uma
grave enfermidade e precisa ser tratada a fim de aprender
a sofrer. Sofrer pelas razões certas significa que
estamos em contato com a realidade, que o corpo e a alma
sentem a tristeza das perdas e que existe em nós o poder
do amor (...). Toda experiência de amor traz, encolhida
no seu ventre, à espera, a possibilidade de sofrer.
Assim, a receita para não sofrer é muito simples:
basta matar o amor".
Rubem Alves - do livro: Um mundo num grão de areia)
INTROVERSÃO
INTROVERSÃO
Hoje, senti saudades minhas !
de ser mais meu amigo
de lesar os ponteiros do dia
quando o meu corpo clama
que o tempo e pra ser todo meu
Senti saudades ...
de ter um pacto comigo
de brincar com os meus medos
de falar dos meus desejos
de redescobrir os meus apegos
Saudades ...
tantas são minhas
de ter verdades comigo :
que me mostrem a lógica dos meus equívocos
o sabor do meu fel
de padecer de minha falta de gratidão
Saudades ...
de ter um tempo comigo
de falar com meu umbigo
de ler a Flor, que não Espanca
ouvindo o banzeiro,trazer o jangadeiro
de catar estrelas, que brilham no chão .
de pensar na vida a esmo
Hoje senti saudades minhas
de ser irresponsável, em matar um dia da lida
pra saber que há mais vida entre
entre o mim e o eu
REGO JUNIOR
Hoje, senti saudades minhas !
de ser mais meu amigo
de lesar os ponteiros do dia
quando o meu corpo clama
que o tempo e pra ser todo meu
Senti saudades ...
de ter um pacto comigo
de brincar com os meus medos
de falar dos meus desejos
de redescobrir os meus apegos
Saudades ...
tantas são minhas
de ter verdades comigo :
que me mostrem a lógica dos meus equívocos
o sabor do meu fel
de padecer de minha falta de gratidão
Saudades ...
de ter um tempo comigo
de falar com meu umbigo
de ler a Flor, que não Espanca
ouvindo o banzeiro,trazer o jangadeiro
de catar estrelas, que brilham no chão .
de pensar na vida a esmo
Hoje senti saudades minhas
de ser irresponsável, em matar um dia da lida
pra saber que há mais vida entre
entre o mim e o eu
REGO JUNIOR
DRUMMOND
(O que se passa na cama
É segredo de quem ama.)
É segredo de quem ama
não conhecer pela rama
gozo que seja profundo,
elaborado na terra
e tão fora deste mundo
que o corpo, encontrando o corpo
e por ele navegando,
atinge a paz de outro horto,
noutro mundo: paz de morto,
nirvana, sono do pênis.
Ai, cama, canção de cuna,
dorme, menina, nanana,
dorme onça suçuarana,
dorme cândida vagina,
dorme a última sirena
ou a penúltima... O pênis
dorme, puma, americana
fera exausta. Dorme, fulva
grinalda de tua vulva.
E silenciem os que amam,
entre lençol e cortina
ainda úmidos de sêmen,
estes segredos de cama.
Carlos Drummond de Andrade
É segredo de quem ama.)
É segredo de quem ama
não conhecer pela rama
gozo que seja profundo,
elaborado na terra
e tão fora deste mundo
que o corpo, encontrando o corpo
e por ele navegando,
atinge a paz de outro horto,
noutro mundo: paz de morto,
nirvana, sono do pênis.
Ai, cama, canção de cuna,
dorme, menina, nanana,
dorme onça suçuarana,
dorme cândida vagina,
dorme a última sirena
ou a penúltima... O pênis
dorme, puma, americana
fera exausta. Dorme, fulva
grinalda de tua vulva.
E silenciem os que amam,
entre lençol e cortina
ainda úmidos de sêmen,
estes segredos de cama.
Carlos Drummond de Andrade
BOCAGE
Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia – o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:
Não quero funeral comunidade,
que engrole sob-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:
Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:"
Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."
(BOCAGE)
Mais um daqueles, que não fazem falta,
Verbi-gratia – o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade:
Não quero funeral comunidade,
que engrole sob-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade:
Mas quando ferrugenta enxada idosa
Sepulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavre-me este epitáfio mão piedosa:"
Aqui dorme Bocage, o putanheiro:
Passou a vida folgada, e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."
(BOCAGE)
Assinar:
Postagens (Atom)