... Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo ...
CECÍLIA MEIRELLES
LIVROS RELEVANTES
- A. Soljenish: Pavilhão de Cancerosos
- Baltasar Gracián: Arte da Prudência
- Charles Baudelaire: Flores do Mal
- Emile Zola: Germinal
- Erich Fromm: Medo à Liberdade
- Fernando Pessoa: O Livro do Desassossego
- Fiódor Dostoiévski: O Eterno Marido
- Franz Kafka: O Processo
- Friedrich Nietzsche: Assim Falou Zaratustra
- Friedrich Nietzsche: Humano, demasiado humano
- Fritjof Capra: O Ponto de Mutação
- Goethe: Fausto
- Goethe: Máximas e Reflexões
- Jean Baudrillard: Cool Memories III
- John Milton: Paraíso Perdido
- Júlio Cortázar: O Jogo da Amarelinha
- Luís Vaz de Camões: Sonetos
- Mario Quintana: Poesia Completa
- Michele Perrot: As Mulheres e os Silêncios da História
- Miguel de Cervantes: Dom Quixote de La Mancha
- Philip Roth: O Anjo Agonizante
- Platão: O Banquete
- Robert Greene: As 48 Leis do Poder
- Salman Rushdie: O Chão que ela pisa
- Schopenhauer: O Mundo como Vontade e Representação
- Stendhal: Do Amor
- Sun Tsu: A Arte da Guerra
- William Faulkner: Luz em Agosto
- William Shakespeare: Hamlet
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
ELSE SANT'ANNA BRUM
Se tu pudesses, mar, se tu pudesses
Levar-me contigo para onde vais,
Sem em tuas ondas me quisesses,
Eu iria pra não voltar jamais!
Penso que além de ti, na solidão,
Haverá refrigério para a alma,
E este meu triste e pobre coração
Terá um pouco de alegria e calma.
Porque talvez, além de ti, ó mar,
Não exista ninguém aqui da terra
Nem possibilidade de amar.
Leva-me, é o que te peço em minhas preces
Pois uma triste história a minha vida encerra.
Levar-me, ó mar amigo, se pudesses!
Else Sant’Anna Brum
Levar-me contigo para onde vais,
Sem em tuas ondas me quisesses,
Eu iria pra não voltar jamais!
Penso que além de ti, na solidão,
Haverá refrigério para a alma,
E este meu triste e pobre coração
Terá um pouco de alegria e calma.
Porque talvez, além de ti, ó mar,
Não exista ninguém aqui da terra
Nem possibilidade de amar.
Leva-me, é o que te peço em minhas preces
Pois uma triste história a minha vida encerra.
Levar-me, ó mar amigo, se pudesses!
Else Sant’Anna Brum
CHRISTOPHER MARLOWE
A própria Natureza, ao nos forjar
De seus quatro elementos, que disputam
Em nosso peito pela primazia,
Ensina-nos às mentes a sonhar:
Nossas almas, capazes de entrever
Do mundo a fabulosa arquitetura,
E de medir o curso dos planetas,
Em busca de um saber que é infinito,
Inquietas, como a dança das esferas,
Exigem que lutemos, sem descanso,
Até atingir o fruto mais perfeito -
Felicidade única e sem jaça -
O gozo do poder aqui na Terra.
(CHRISTOPHER MARLOWE)
De seus quatro elementos, que disputam
Em nosso peito pela primazia,
Ensina-nos às mentes a sonhar:
Nossas almas, capazes de entrever
Do mundo a fabulosa arquitetura,
E de medir o curso dos planetas,
Em busca de um saber que é infinito,
Inquietas, como a dança das esferas,
Exigem que lutemos, sem descanso,
Até atingir o fruto mais perfeito -
Felicidade única e sem jaça -
O gozo do poder aqui na Terra.
(CHRISTOPHER MARLOWE)
GARCIA LORCA
Não poderei queixar-me
Se não encontrei o que buscava.
Porém irei na primeira paisagem
De umidades e latejos
Para entender que o que busco
Terá seu momento de alegria
Quando eu retorne mesclado
Com o amor e as areias.
(GARCIA LORCA)
Se não encontrei o que buscava.
Porém irei na primeira paisagem
De umidades e latejos
Para entender que o que busco
Terá seu momento de alegria
Quando eu retorne mesclado
Com o amor e as areias.
(GARCIA LORCA)
JOÃO COSTA FILHO
Deixa que o mundo
se exploda,
que tuas narinas
exalem fogo,
que o fígado sofra cirroses.
Deixa que a terra trema,
que o mar balance
em ninar,
que teu coração chore
montanhas.
Deixa tuas metáforas
rubras de silêncio
e os segredos só teus.
Deixa a dor dormir
em teu peito
e não traduzas no rosto
tua agonia.
Pisa a terra fria,
bem em cima de tuas mágoas,
e cala, sempre cala.
Se tua dor a ninguém pertence...
JOÃO COSTA FILHO
se exploda,
que tuas narinas
exalem fogo,
que o fígado sofra cirroses.
Deixa que a terra trema,
que o mar balance
em ninar,
que teu coração chore
montanhas.
Deixa tuas metáforas
rubras de silêncio
e os segredos só teus.
Deixa a dor dormir
em teu peito
e não traduzas no rosto
tua agonia.
Pisa a terra fria,
bem em cima de tuas mágoas,
e cala, sempre cala.
Se tua dor a ninguém pertence...
JOÃO COSTA FILHO
CRUZ E SOUZA
O ASSINALADO
Tu és o Louco da imortal loucura,
o louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
faz que tu'alma suplicando gema
e rebente em estrelas de ternura.
Tu és o Poeta, o grande Assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco.
Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!
CRUZ E SOUZA
Tu és o Louco da imortal loucura,
o louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
prende-te nela a extrema Desventura.
Mas essa mesma algema de amargura,
Mas essa mesma Desventura extrema
faz que tu'alma suplicando gema
e rebente em estrelas de ternura.
Tu és o Poeta, o grande Assinalado
Que povoas o mundo despovoado,
De belezas eternas, pouco a pouco.
Na Natureza prodigiosa e rica
Toda a audácia dos nervos justifica
Os teus espasmos imortais de louco!
CRUZ E SOUZA
NERUDA
Há algo mais triste no mundo
Que um trem imóvel na chuva?
A quem posso perguntar
O que fazer neste mundo?
Por que me movo sem querer,
Por que não posso estar imóvel?
Por que vou rodando sem rodas,
Voando sem asas nem plumas?
(PABLO NERUDA)
Que um trem imóvel na chuva?
A quem posso perguntar
O que fazer neste mundo?
Por que me movo sem querer,
Por que não posso estar imóvel?
Por que vou rodando sem rodas,
Voando sem asas nem plumas?
(PABLO NERUDA)
ABGAR RENAULT
O que eu perdi não foi um sonho bom,
não foi o fruto a embebedar meus lábios,
não foi uma canção de raro som,
nem a graça de alguns momentos sábios.
O que eu perdi, como quem perde uma outra infância,
foi o sentido do enternecimento,
foi a felicidade da ignorância, foi, em verdade,
na minha carne e no meu pensamento,
a última rubra flor do fim da mocidade.
E dói - não esse gesto ausente, a que se apagam
as flores mais solares, mas uma hora,
- flor de momento numa breve aurora -
hora longínqua, esquiva e para sempre morta,
em cuja escura, inacessível porta
noturnos olhos cegamente vagam.
ABGAR RENAULT
não foi o fruto a embebedar meus lábios,
não foi uma canção de raro som,
nem a graça de alguns momentos sábios.
O que eu perdi, como quem perde uma outra infância,
foi o sentido do enternecimento,
foi a felicidade da ignorância, foi, em verdade,
na minha carne e no meu pensamento,
a última rubra flor do fim da mocidade.
E dói - não esse gesto ausente, a que se apagam
as flores mais solares, mas uma hora,
- flor de momento numa breve aurora -
hora longínqua, esquiva e para sempre morta,
em cuja escura, inacessível porta
noturnos olhos cegamente vagam.
ABGAR RENAULT
HERBERTO HELDER
Fora existe o mundo.
Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
HERBERTO HELDER
Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
HERBERTO HELDER
OCTAVIO PAZ
Cresceu em minha fronte uma árvore.
Cresceu para dentro.
Suas raízes são veias,
nervos suas ramas,
Sua confusa folhagem pensamentos.
Teus olhares a acendem
e seus frutos de sombras
são laranjas de sangue,
são granadas de luz.
Amanhece
na noite do corpo.
Ali dentro, em minha fronte,
a árvore fala.
Aproxima-te. Ouves?
OCTAVIO PAZ
Cresceu para dentro.
Suas raízes são veias,
nervos suas ramas,
Sua confusa folhagem pensamentos.
Teus olhares a acendem
e seus frutos de sombras
são laranjas de sangue,
são granadas de luz.
Amanhece
na noite do corpo.
Ali dentro, em minha fronte,
a árvore fala.
Aproxima-te. Ouves?
OCTAVIO PAZ
T.S.ELIOT
... Porque sei que o tempo é sempre o tempo
E que o espaço é sempre o espaço
E que o real somente é dentro de um tempo
E apenas para o espaço que o contém
Alegro-me de serem as coisas
O que são
E renuncio à face abençoada
E renuncio à voz
Porque esperar não posso mais
E assim me alegro, por ter de
Edificar alguma coisa
De que possa depois rejubilar.
( T. S. ELIOT )
E que o espaço é sempre o espaço
E que o real somente é dentro de um tempo
E apenas para o espaço que o contém
Alegro-me de serem as coisas
O que são
E renuncio à face abençoada
E renuncio à voz
Porque esperar não posso mais
E assim me alegro, por ter de
Edificar alguma coisa
De que possa depois rejubilar.
( T. S. ELIOT )
CARLOS NEJAR
Há de saber: o que resta
No que é incerto e verdadeiro.
Costumes mudam afetos,
Afetos mudam costumes.
A noite não tem mais lume,
Não têm lume os objetos.
E a morte é provado vinho,
Entre a choupana e o palácio.
Para os felizes, abraços.
E no infortúnio, sozinhos.
CARLOS NEJAR
No que é incerto e verdadeiro.
Costumes mudam afetos,
Afetos mudam costumes.
A noite não tem mais lume,
Não têm lume os objetos.
E a morte é provado vinho,
Entre a choupana e o palácio.
Para os felizes, abraços.
E no infortúnio, sozinhos.
CARLOS NEJAR
EMÍLIO MOURA
Como a noite descesse...
Como a noite descesse e eu me sentisse só, só e desesperado diante dos
horizontes que se fechavam
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível Aurora! e vi logo
só as estrelas é que me entenderiam.
Era preciso esperar que o próprio passado desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
- É por aqui!
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
- Renasceste: liberta-te!
Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
- Ó doce e incorruptível Aurora...
se só as estrelas é que me entenderiam?
EMÍLIO MOURA
Como a noite descesse e eu me sentisse só, só e desesperado diante dos
horizontes que se fechavam
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível Aurora! e vi logo
só as estrelas é que me entenderiam.
Era preciso esperar que o próprio passado desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
- É por aqui!
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
- Renasceste: liberta-te!
Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
- Ó doce e incorruptível Aurora...
se só as estrelas é que me entenderiam?
EMÍLIO MOURA
CAMÕES
A DOR QUE MINHA ALMA SENTE...
A dor que minha alma sente... Não a saiba toda gente...
Que estranho caso de amor... Que desejado tormento...
Que venho a ser avarento, das dores da minha dor!
Por me não tratar pior, se se sabe ou se se sente, não a digo a toda gente!
Minha dor e a causa dela, A ninguém ouso fiar,
Que seria aventurar, a perder-me ou perde-la,
pois só em padece-la a minha alma esta contente.
Viva no peito escondida... Dentro da alma sepultada...
De mim só seja chorada...
De ninguém seja sentida... Ou me mate...ou me dê vida...
Ou viva eu triste ou contente, não quero que o saiba a gente!
CAMÕES
A dor que minha alma sente... Não a saiba toda gente...
Que estranho caso de amor... Que desejado tormento...
Que venho a ser avarento, das dores da minha dor!
Por me não tratar pior, se se sabe ou se se sente, não a digo a toda gente!
Minha dor e a causa dela, A ninguém ouso fiar,
Que seria aventurar, a perder-me ou perde-la,
pois só em padece-la a minha alma esta contente.
Viva no peito escondida... Dentro da alma sepultada...
De mim só seja chorada...
De ninguém seja sentida... Ou me mate...ou me dê vida...
Ou viva eu triste ou contente, não quero que o saiba a gente!
CAMÕES
PABLO NERUDA
Não tenho nunca mais, não tenho sempre.
Na areia a vitória deixou seus pés perdidos.
Sou um pobre homem disposto
a amar seus semelhantes.
Não sei quem tu és. Te amo.
Não dou, não vendo espinhos.
Alguém saberá talvez
que não teci coroas sangrentas,
que combati o engano,
e que em verdade enchi
o preamar de minha alma.
Eu paguei a vileza com pombas.
(...)
(PABLO NERUDA)
Na areia a vitória deixou seus pés perdidos.
Sou um pobre homem disposto
a amar seus semelhantes.
Não sei quem tu és. Te amo.
Não dou, não vendo espinhos.
Alguém saberá talvez
que não teci coroas sangrentas,
que combati o engano,
e que em verdade enchi
o preamar de minha alma.
Eu paguei a vileza com pombas.
(...)
(PABLO NERUDA)
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