Tudo tem neste mundo
A sua lei secreta.
Tem o remeiro a barca,
Onde a fé o acompanha;
Os cisnes têm o lago,
As águias a montanha,
As almas têm o amor.
Deixa-te, pois, amar;
Que o amor é a vida.
Sem ele tudo é vão,
Ele é a luz suprema;
A beleza é a fronte,
O amor é o diadema...
Deixa-te coroar...
(VITOR HUGO)
LIVROS RELEVANTES
- A. Soljenish: Pavilhão de Cancerosos
- Baltasar Gracián: Arte da Prudência
- Charles Baudelaire: Flores do Mal
- Emile Zola: Germinal
- Erich Fromm: Medo à Liberdade
- Fernando Pessoa: O Livro do Desassossego
- Fiódor Dostoiévski: O Eterno Marido
- Franz Kafka: O Processo
- Friedrich Nietzsche: Assim Falou Zaratustra
- Friedrich Nietzsche: Humano, demasiado humano
- Fritjof Capra: O Ponto de Mutação
- Goethe: Fausto
- Goethe: Máximas e Reflexões
- Jean Baudrillard: Cool Memories III
- John Milton: Paraíso Perdido
- Júlio Cortázar: O Jogo da Amarelinha
- Luís Vaz de Camões: Sonetos
- Mario Quintana: Poesia Completa
- Michele Perrot: As Mulheres e os Silêncios da História
- Miguel de Cervantes: Dom Quixote de La Mancha
- Philip Roth: O Anjo Agonizante
- Platão: O Banquete
- Robert Greene: As 48 Leis do Poder
- Salman Rushdie: O Chão que ela pisa
- Schopenhauer: O Mundo como Vontade e Representação
- Stendhal: Do Amor
- Sun Tsu: A Arte da Guerra
- William Faulkner: Luz em Agosto
- William Shakespeare: Hamlet
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
GARCIA LORCA
Amor de minhas entranhas, morte viva,
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.
Frederico Garcia Lorca
em vão espero tua palavra escrita
e penso, com a flor que se murcha,
que se vivo sem mim quero perder-te.
O ar é imortal. A pedra inerte
nem conhece a sombra nem a evita.
Coração interior não necessita
o mel gelado que a lua verte.
Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,
tigre e pomba, sobre tua cintura
em duelo de kordiscos e açucenas.
Enche, pois, de palavras minha loucura
ou deixa-me viver em minha serena
noite da alma para sempre escura.
Frederico Garcia Lorca
ALBERTO CAEIRO
Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Nós, como as árvores são árvores
E como os regatos são regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera
E um rio aonde ir ter quando acabemos...
E não nos dará mais nada, porque
Dar-nos mais seria tirar-nos mais.
(ALBERTO CAEIRO)
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou...
Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores,
E Deus amar-nos-á fazendo de nós
Nós, como as árvores são árvores
E como os regatos são regatos,
E dar-nos-á verdor na sua primavera
E um rio aonde ir ter quando acabemos...
E não nos dará mais nada, porque
Dar-nos mais seria tirar-nos mais.
(ALBERTO CAEIRO)
FERREIRA GULLAR
Do mesmo modo que te abrisse à alegria
Abre-te agora ao sofrimento que é fruto dela
E seu avesso ardente.
Do mesmo modo que da alegria
Foste ao fundo e se perdeste nela
E te achaste nessa perda
Deixa que a dor se exerça agora
Sem mentiras, nem desculpas
E em tua carne vaporize toda ilusão
Que a vida só consome o que a alimenta.
FERREIRA GULLAR
Abre-te agora ao sofrimento que é fruto dela
E seu avesso ardente.
Do mesmo modo que da alegria
Foste ao fundo e se perdeste nela
E te achaste nessa perda
Deixa que a dor se exerça agora
Sem mentiras, nem desculpas
E em tua carne vaporize toda ilusão
Que a vida só consome o que a alimenta.
FERREIRA GULLAR
ADÉLIA PRADO
Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.
ADÉLIA PRADO
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.
ADÉLIA PRADO
MANOEL DE BARROS
Aprendo com abelhas do que com aeroplanos.
É um olhar para baixo que eu nasci tendo.
é um olhar para o ser menor, para o
insignificante que eu me criei tendo.
O ser que na sociedade é chutado como uma
barata - cresce de importância para o meu olho.
Ainda não entendi por que herdei esse olhar
para baixo.
Sempre imagino que venha de ancestralidades
machucadas.
Fui criado no mato e aprendi a gostar das
coisinhas do chão -
Antes que das coisas celestiais.
Pessoas pertencidas de abandono me comovem:
tanto quanto as soberbas coisas ínfimas.
MANOEL DE BARROS
É um olhar para baixo que eu nasci tendo.
é um olhar para o ser menor, para o
insignificante que eu me criei tendo.
O ser que na sociedade é chutado como uma
barata - cresce de importância para o meu olho.
Ainda não entendi por que herdei esse olhar
para baixo.
Sempre imagino que venha de ancestralidades
machucadas.
Fui criado no mato e aprendi a gostar das
coisinhas do chão -
Antes que das coisas celestiais.
Pessoas pertencidas de abandono me comovem:
tanto quanto as soberbas coisas ínfimas.
MANOEL DE BARROS
MIGUEL TORGA
Exame
Feiticeiro sem deuses, reconheço
O limite dos meus encantamentos.
Só em raros momentos
De inspiração
Eu consigo o milagre dum poema,
Teorema
Indemonstrável pela multidão.
Mas é desse limite que me ufano:
Ser humano
E poeta.
Humildemente,
Com toda a paciência da terra,
Com toda a impaciência do mar,
Aguardo o transe, a hora desmedida;
E é o próprio rosto universal da vida
Que se ilumina,
Quando o primeiro verso me fulmina.
Miguel Torga
Feiticeiro sem deuses, reconheço
O limite dos meus encantamentos.
Só em raros momentos
De inspiração
Eu consigo o milagre dum poema,
Teorema
Indemonstrável pela multidão.
Mas é desse limite que me ufano:
Ser humano
E poeta.
Humildemente,
Com toda a paciência da terra,
Com toda a impaciência do mar,
Aguardo o transe, a hora desmedida;
E é o próprio rosto universal da vida
Que se ilumina,
Quando o primeiro verso me fulmina.
Miguel Torga
WASPZZZ
Um véu, diáfano,
translúcido, que deixa ver
ao tempo que oculta.
É assim que você me seduz:
descobrindo-se atrás das máscaras,
escondendo-se sob um facho de luz.
Uma sombra, uma ilusão,
fugitiva, quando nela os olhos pousam,
confundida com a tela que a antepara.
É assim que seu beijo sabe:
tão intenso quanto fugaz,
tão ávido quanto frugal,
tão simples como a difícil paz,
tão doce... com um pouco de sal.
Uma nuvem, passageira,
ora escura, carregada,
ora invisível, sutil vapor.
É assim que me toca a alma,
explosão de impaciente calma,
o seu indescritível amor.
Waspzzz
translúcido, que deixa ver
ao tempo que oculta.
É assim que você me seduz:
descobrindo-se atrás das máscaras,
escondendo-se sob um facho de luz.
Uma sombra, uma ilusão,
fugitiva, quando nela os olhos pousam,
confundida com a tela que a antepara.
É assim que seu beijo sabe:
tão intenso quanto fugaz,
tão ávido quanto frugal,
tão simples como a difícil paz,
tão doce... com um pouco de sal.
Uma nuvem, passageira,
ora escura, carregada,
ora invisível, sutil vapor.
É assim que me toca a alma,
explosão de impaciente calma,
o seu indescritível amor.
Waspzzz
MÁRIO DE SÁ CARNEIRO
Atapetemos a vida
Contra nós e contra o mundo.
- Desçamos panos de fundo
A cada hora vivida!
Desfiles, danças - embora
Mal sejam uma ilusão...
Cenário de mutação
Pela minha vida fora!
Quero ser Eu plenamente:
Eu, o possesso do Pasmo.
- Todo o meu entusiasmo,
Ah! que seja o meu Oriente!
O grande doido, o varrido,
O perdulário do Instante
O amante sem amante,
Ora amado, ora traído ...
Lançar os barcos ao Mar
De névoa, em rumo de incerto...
P'ra mim o longe é mais perto
Do que o presente lugar.
MÁRIO DE SÁ CARNEIRO
Contra nós e contra o mundo.
- Desçamos panos de fundo
A cada hora vivida!
Desfiles, danças - embora
Mal sejam uma ilusão...
Cenário de mutação
Pela minha vida fora!
Quero ser Eu plenamente:
Eu, o possesso do Pasmo.
- Todo o meu entusiasmo,
Ah! que seja o meu Oriente!
O grande doido, o varrido,
O perdulário do Instante
O amante sem amante,
Ora amado, ora traído ...
Lançar os barcos ao Mar
De névoa, em rumo de incerto...
P'ra mim o longe é mais perto
Do que o presente lugar.
MÁRIO DE SÁ CARNEIRO
EDGAR ALLAN POE
Não fui, na infância, como os outros
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.
Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio, ante meus olhos.
( Edgar Allan Poe)
e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia
tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza,
e era outro o canto, que acordava
o coração para a alegria.
Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba
da tormentosa vida, ergueu-se,
no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.
Veio dos rios, veio da fonte,
da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia
em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos
que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade,
daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo,
como um demônio, ante meus olhos.
( Edgar Allan Poe)
EMÍLIO MOURA
Como a noite descesse...
Como a noite descesse e eu me sentisse só, só e desesperado diante dos
horizontes que se fechavam
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível Aurora! e vi logo
só as estrelas é que me entenderiam.
Era preciso esperar que o próprio passado desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
- É por aqui!
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
- Renasceste: liberta-te!
Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
- Ó doce e incorruptível Aurora...
se só as estrelas é que me entenderiam?
EMILIO MOURA
Como a noite descesse e eu me sentisse só, só e desesperado diante dos
horizontes que se fechavam
gritei alto, bem alto: ó doce e incorruptível Aurora! e vi logo
só as estrelas é que me entenderiam.
Era preciso esperar que o próprio passado desaparecesse,
ou então voltar à infância.
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao coração trêmulo:
- É por aqui!
Onde, entretanto, quem me dissesse
ao espírito cego:
- Renasceste: liberta-te!
Se eu estava só, só e desesperado,
por que gritar tão alto?
Por que não dizer baixinho, como quem reza:
- Ó doce e incorruptível Aurora...
se só as estrelas é que me entenderiam?
EMILIO MOURA
ÁLVARES DE AZEVEDO
Minha desgraça não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito blasfema,
É ter para escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela.
ÁLVARES DE AZEVEDO
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...
Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...
Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito blasfema,
É ter para escrever todo um poema
E não ter um vintém para uma vela.
ÁLVARES DE AZEVEDO
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