CONTRASTES
A antítese do novo e do obsoleto,
O Amor e a Paz, o Ódio e a Carnificina,
O que o homem ama e o que o homem abomina,
Tudo convém para o homem ser completo!
O ângulo obtuso, pois, e o ângulo reto,
Uma feição humana e outra divina
São como a eximenina e a endimenina
Que servem ambas para o mesmo feto!
Eu sei tudo isto mais do que o Eclesiastes!
Por justaposição destes contrastes,
Junta-se um hemisfério a outro hemisfério,
Às alegrias juntam-se as tristezas,
E o carpinteiro que fabrica as mesas
Faz também os caixões do cemitério!...
[Augusto dos Anjos]
LIVROS RELEVANTES
- A. Soljenish: Pavilhão de Cancerosos
- Baltasar Gracián: Arte da Prudência
- Charles Baudelaire: Flores do Mal
- Emile Zola: Germinal
- Erich Fromm: Medo à Liberdade
- Fernando Pessoa: O Livro do Desassossego
- Fiódor Dostoiévski: O Eterno Marido
- Franz Kafka: O Processo
- Friedrich Nietzsche: Assim Falou Zaratustra
- Friedrich Nietzsche: Humano, demasiado humano
- Fritjof Capra: O Ponto de Mutação
- Goethe: Fausto
- Goethe: Máximas e Reflexões
- Jean Baudrillard: Cool Memories III
- John Milton: Paraíso Perdido
- Júlio Cortázar: O Jogo da Amarelinha
- Luís Vaz de Camões: Sonetos
- Mario Quintana: Poesia Completa
- Michele Perrot: As Mulheres e os Silêncios da História
- Miguel de Cervantes: Dom Quixote de La Mancha
- Philip Roth: O Anjo Agonizante
- Platão: O Banquete
- Robert Greene: As 48 Leis do Poder
- Salman Rushdie: O Chão que ela pisa
- Schopenhauer: O Mundo como Vontade e Representação
- Stendhal: Do Amor
- Sun Tsu: A Arte da Guerra
- William Faulkner: Luz em Agosto
- William Shakespeare: Hamlet
segunda-feira, 17 de março de 2008
DRUMMOND
A cada dia que vivo,
mais me convenço de que
o desperdício da vida está
no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
(DRUMMOND)
mais me convenço de que
o desperdício da vida está
no amor que não damos,
nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca,
e que, esquivando-se do sofrimento,
perdemos também a felicidade.
(DRUMMOND)
OMAR KHAYYAM
Ah, Amor!
Se tu e eu com o destino
Pudéssemos conspirar
Para banir todo esse triste
Esquema das coisas,
E en pedaços fazê-lo -
Para depois remodelá-lo
Mais próximo do desejo
Do coração...
(OMAR KHAYYAM)
Se tu e eu com o destino
Pudéssemos conspirar
Para banir todo esse triste
Esquema das coisas,
E en pedaços fazê-lo -
Para depois remodelá-lo
Mais próximo do desejo
Do coração...
(OMAR KHAYYAM)
VINICIUS DE MORAES
Virgem! filha minha
De onde vens assim
Tão suja de terra
Cheirando a jasmim
A saia com mancha
De flor carmesim
E os brincos da orelha
Fazendo tlintlin?
Minha mãe querida
Venho do jardim
Onde a olhar o céu
Fui, adormeci.
Quando despertei
Cheirava a jasmim
Que um anjo esfolhava
Por cima de mim...
(VINICIUS DE MORAES)
De onde vens assim
Tão suja de terra
Cheirando a jasmim
A saia com mancha
De flor carmesim
E os brincos da orelha
Fazendo tlintlin?
Minha mãe querida
Venho do jardim
Onde a olhar o céu
Fui, adormeci.
Quando despertei
Cheirava a jasmim
Que um anjo esfolhava
Por cima de mim...
(VINICIUS DE MORAES)
PABLO NERUDA
Áspero Amor, violeta coroada
de espinhos, cipoal entre
tantas paixões eriçado,
lança das dores, corola de cólera,
por que caminhos e como
te dirigiste a minha alma?
Por que precipitaste teu fogo doloroso?
de repente, entre as folhas frias
de meu caminho?
Quem te ensinou os passos
que até mim te levaram?
Que flor, que pedra, que fumaça,
mostraram minha morada?
(PABLO NERUDA)
de espinhos, cipoal entre
tantas paixões eriçado,
lança das dores, corola de cólera,
por que caminhos e como
te dirigiste a minha alma?
Por que precipitaste teu fogo doloroso?
de repente, entre as folhas frias
de meu caminho?
Quem te ensinou os passos
que até mim te levaram?
Que flor, que pedra, que fumaça,
mostraram minha morada?
(PABLO NERUDA)
FABRÍCIO CARPINEJAR
Uma mulher é porta onde se via parede,
É vidro onde se via espelho.
Assemelha-se a um livro líquido.
Não há como emprestar ou guardar.
As páginas mudam de repente sua numeração.
Não há como fixá-las e marcar parágrafos.
É para ler tudo no momento,
Pois amanhã será outro livro e autora.
Não se lê a água, a água escreverá sobre as mãos.
A corrente fria e a quente se alternam,
As estações se provocam e se completam.
(FABRÍCIO CARPINEJAR)
É vidro onde se via espelho.
Assemelha-se a um livro líquido.
Não há como emprestar ou guardar.
As páginas mudam de repente sua numeração.
Não há como fixá-las e marcar parágrafos.
É para ler tudo no momento,
Pois amanhã será outro livro e autora.
Não se lê a água, a água escreverá sobre as mãos.
A corrente fria e a quente se alternam,
As estações se provocam e se completam.
(FABRÍCIO CARPINEJAR)
MANUEL BANDEIRA
Fui sempre um homem alegre.
Mas depois que tu partiste,
Perdi de todo a alegria:
Fiquei triste, triste, triste.
Nunca dantes me sentira
Tão desinfeliz assim:
è que ando dentro da vida
Sem vida dentro de mim.
(MANUEL BANDEIRA)
Mas depois que tu partiste,
Perdi de todo a alegria:
Fiquei triste, triste, triste.
Nunca dantes me sentira
Tão desinfeliz assim:
è que ando dentro da vida
Sem vida dentro de mim.
(MANUEL BANDEIRA)
VINICIUS DE MORAES
Uma lua no céu apareceu
Cheia e branca; foi quando, emocionada
A mulher a meu lado estremeceu
E se entregou sem que eu dissesse nada.
Larguei-as pela jovem madrugada
Ambas cheias e brancas e sem véu
Perdida uma, a outra abandonada
Uma nua na terra, outra no céu.
Mas não partira delas; a mais louca
Apaixonou-me o pensamento; dei-o
Feliz – eu de amor pouco e vida pouca
Mas que tinha deixado em meu enleio
Um sorriso de carne em sua boca
Uma gota de leite no seu seio.
Vinícius de Moraes
Cheia e branca; foi quando, emocionada
A mulher a meu lado estremeceu
E se entregou sem que eu dissesse nada.
Larguei-as pela jovem madrugada
Ambas cheias e brancas e sem véu
Perdida uma, a outra abandonada
Uma nua na terra, outra no céu.
Mas não partira delas; a mais louca
Apaixonou-me o pensamento; dei-o
Feliz – eu de amor pouco e vida pouca
Mas que tinha deixado em meu enleio
Um sorriso de carne em sua boca
Uma gota de leite no seu seio.
Vinícius de Moraes
ADÉLIA PRADO
Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.
ADÉLIA PRADO
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme.
Se eu lhe dissesse você é estúpido
ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.
As casas baixas, as pessoas pobres,
e o sol da tarde,
imaginai o que era o sol da tarde
sobre a nossa fragilidade.
Vinha com Jonathan
pela rua mais torta da cidade.
O Caminho do Céu.
ADÉLIA PRADO
LYA LUFT
Não tenho mais os olhos de menina...
O que te posso dar é mais que tudo
O que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade, que consegue rir
Quando em outros tempos, choraria...
Isso te posso dar: um mar antigo
E confiável, cujas marés,
Mesmo se fogem, retornam;
Cujas correntes não levam destroços,
Mas levam ao abraço das areias.
LYA LUFT
O que te posso dar é mais que tudo
O que perdi: dou-te os meus ganhos.
A maturidade, que consegue rir
Quando em outros tempos, choraria...
Isso te posso dar: um mar antigo
E confiável, cujas marés,
Mesmo se fogem, retornam;
Cujas correntes não levam destroços,
Mas levam ao abraço das areias.
LYA LUFT
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