Abandonai-me aqui, meus fiéis companheiros!
Deixai-me ao pé do precipício, entre o pântano e o musgo;
Segui o vosso caminho! Olhai o mundo aberto.
A imensa terra, o céu sublime e grande;
Observai, procurai, coleccionai os factos,
Balbuciai o mistério da Natureza.
Para mim perdeu-se o Todo, eu mesmo me perdi,
Eu, que há bem pouco fui o preferido dos deuses;
À prova me puseram, deram-me Pandora,
De bens tão rica, mais rica ainda de perigos;
Impeliram-me para a boca dadivosa,
Separaram-me dela, e assim me aniquilam.
GOETHE
LIVROS RELEVANTES
- A. Soljenish: Pavilhão de Cancerosos
- Baltasar Gracián: Arte da Prudência
- Charles Baudelaire: Flores do Mal
- Emile Zola: Germinal
- Erich Fromm: Medo à Liberdade
- Fernando Pessoa: O Livro do Desassossego
- Fiódor Dostoiévski: O Eterno Marido
- Franz Kafka: O Processo
- Friedrich Nietzsche: Assim Falou Zaratustra
- Friedrich Nietzsche: Humano, demasiado humano
- Fritjof Capra: O Ponto de Mutação
- Goethe: Fausto
- Goethe: Máximas e Reflexões
- Jean Baudrillard: Cool Memories III
- John Milton: Paraíso Perdido
- Júlio Cortázar: O Jogo da Amarelinha
- Luís Vaz de Camões: Sonetos
- Mario Quintana: Poesia Completa
- Michele Perrot: As Mulheres e os Silêncios da História
- Miguel de Cervantes: Dom Quixote de La Mancha
- Philip Roth: O Anjo Agonizante
- Platão: O Banquete
- Robert Greene: As 48 Leis do Poder
- Salman Rushdie: O Chão que ela pisa
- Schopenhauer: O Mundo como Vontade e Representação
- Stendhal: Do Amor
- Sun Tsu: A Arte da Guerra
- William Faulkner: Luz em Agosto
- William Shakespeare: Hamlet
terça-feira, 29 de abril de 2008
DANTE MILANO
CENÁRIO
Tudo é só, a montanha é só, o mar é só,
A lua ainda é mais só.
Se encontrares alguém
Ele está só também.
Que fazes a estas horas nesta rua?
Que solidão é a tua
Que te faz procurar
O cenário maior,
O de uma solidão maior que a tua?
DANTE MILANO
Tudo é só, a montanha é só, o mar é só,
A lua ainda é mais só.
Se encontrares alguém
Ele está só também.
Que fazes a estas horas nesta rua?
Que solidão é a tua
Que te faz procurar
O cenário maior,
O de uma solidão maior que a tua?
DANTE MILANO
JORGE LUÍS BORGES
Não restará na noite uma estrada
Não restará a noite.
Morrerei, e comigo a soma
do intolerável universo.
Apagarei as pirâmides, as medalhas,
os continentes e os rostos.
Apagarei a acumulação do passado.
Transformarei em pó a história,
em pó o pó.
Estou mirando o último poente.
Ouço o último pássaro.
Deixo o nada a ninguém.
(JORGE LUÍS BORGES)
Não restará a noite.
Morrerei, e comigo a soma
do intolerável universo.
Apagarei as pirâmides, as medalhas,
os continentes e os rostos.
Apagarei a acumulação do passado.
Transformarei em pó a história,
em pó o pó.
Estou mirando o último poente.
Ouço o último pássaro.
Deixo o nada a ninguém.
(JORGE LUÍS BORGES)
MEU OLHAR AZUL
MEU OLHAR AZUL
...
Azul..meu olhar sempre foi azul...
não conheço outra cor de me olhar... nem de olhar!
a primeira paisagem que meus olhos lembram
é de dois lagos de um azul sem fim,
que me olhavam sob duas lentes claras..
eram os olhos azuis que me velavam...
depois era um céu azul, mas claro e menos belo..
mas, ainda azul que me cobria de liberdade e tempo...
depois eu conheci outras cores, e também o azul do mar.
velas brancas sob o ceu azul e sobre o azul do mar...
e o vermelho que me fazia chorar...
mas, que me brindava com o sorriso branco
sob o azul dos lagos de me embalar...
e veio o mar, e veio a vontade de navegar...
e era azul o mar e a vontade...
foi aí que eu conheci o triste azul da despedida...
o azul molhado..brilhante...e fiquei parado..
me vendo numa distorcida imagem azulada..
que viajou em duas gotas simétricas,
do presente ao futuro...e instalou-se no passado....
e nunca mais eu vi aqueles lagos azuis, sem fundo...
eles moram no ontem...
eu conheci várias cores e olhares de cores várias,
amei o verde e o carmin, o rosa e o marron....
me vesti de negro nos teus olhos...
e hoje meus olhos se colorem de lembanças,
porém só sei olhar azul, só sei ver azul...
M. Gafanhoto Nogueira
...
Azul..meu olhar sempre foi azul...
não conheço outra cor de me olhar... nem de olhar!
a primeira paisagem que meus olhos lembram
é de dois lagos de um azul sem fim,
que me olhavam sob duas lentes claras..
eram os olhos azuis que me velavam...
depois era um céu azul, mas claro e menos belo..
mas, ainda azul que me cobria de liberdade e tempo...
depois eu conheci outras cores, e também o azul do mar.
velas brancas sob o ceu azul e sobre o azul do mar...
e o vermelho que me fazia chorar...
mas, que me brindava com o sorriso branco
sob o azul dos lagos de me embalar...
e veio o mar, e veio a vontade de navegar...
e era azul o mar e a vontade...
foi aí que eu conheci o triste azul da despedida...
o azul molhado..brilhante...e fiquei parado..
me vendo numa distorcida imagem azulada..
que viajou em duas gotas simétricas,
do presente ao futuro...e instalou-se no passado....
e nunca mais eu vi aqueles lagos azuis, sem fundo...
eles moram no ontem...
eu conheci várias cores e olhares de cores várias,
amei o verde e o carmin, o rosa e o marron....
me vesti de negro nos teus olhos...
e hoje meus olhos se colorem de lembanças,
porém só sei olhar azul, só sei ver azul...
M. Gafanhoto Nogueira
CESAR VALLEJO
E se depois de tantas palavras,
não sobrevive a palavra!
Se depois das asas dos pássaros,
não sobrevive o pássaro parado!
Mais valeria, na verdade,
que coma tudo e acabemos!
Ter nascido para viver na nossa morte!
Levantar-se do céu rumo à terra
por seus próprios desastres
e espiar o momento de apagar com a sua sombra as suas trevas!
Mas valeria, francamente,
que comam tudo e tanto faz!…
E se depois de tanta história, sucumbirmos,
não já na eternidade,
mas dessas coisas simples, como estar
em casa ou pôr-se a matutar!
E se em seguida descobrirmos,
subitamente, que vivemos,
a avaliar pela altura dos astros,
pelo pente e as nódoas do lenço!
Mais valeria, na verdade,
que comam tudo, sem dúvida!
Dir-se-á que temos
num dos olhos muita pena
e também no outro muita pena
e nos dois, quando olham, muita pena…
Então… Claro!… Então… nem uma só palavra!
César Vallejo
não sobrevive a palavra!
Se depois das asas dos pássaros,
não sobrevive o pássaro parado!
Mais valeria, na verdade,
que coma tudo e acabemos!
Ter nascido para viver na nossa morte!
Levantar-se do céu rumo à terra
por seus próprios desastres
e espiar o momento de apagar com a sua sombra as suas trevas!
Mas valeria, francamente,
que comam tudo e tanto faz!…
E se depois de tanta história, sucumbirmos,
não já na eternidade,
mas dessas coisas simples, como estar
em casa ou pôr-se a matutar!
E se em seguida descobrirmos,
subitamente, que vivemos,
a avaliar pela altura dos astros,
pelo pente e as nódoas do lenço!
Mais valeria, na verdade,
que comam tudo, sem dúvida!
Dir-se-á que temos
num dos olhos muita pena
e também no outro muita pena
e nos dois, quando olham, muita pena…
Então… Claro!… Então… nem uma só palavra!
César Vallejo
YEATS
Sobre os telhados a algazarra dos pardais,
Redonda e cheia a lua - e céu de mil estrelas,
E as folhas sempre a murmurar seus recitais,
Haviam esquecido o mundo e suas mazelas.
Então chegaram teus soturnos lábios rosas,
E junto a eles todas lágrimas da terra,
E o drama dos navios em águas tempestuosas
E o drama dos milhares de anos que ela encerra.
E agora, no telhado a guerra dos pardais,
A lua pálida, e no céu brancas estrelas,
De inquietas folhas, cantilenas sempre iguais,
Estão tremendo - sob o mundo e suas mazelas.
(YEATS)
Redonda e cheia a lua - e céu de mil estrelas,
E as folhas sempre a murmurar seus recitais,
Haviam esquecido o mundo e suas mazelas.
Então chegaram teus soturnos lábios rosas,
E junto a eles todas lágrimas da terra,
E o drama dos navios em águas tempestuosas
E o drama dos milhares de anos que ela encerra.
E agora, no telhado a guerra dos pardais,
A lua pálida, e no céu brancas estrelas,
De inquietas folhas, cantilenas sempre iguais,
Estão tremendo - sob o mundo e suas mazelas.
(YEATS)
MAIAKOVSKY
Antes eu acreditava
que os livros eram feitos assim:
um poeta vinha,
abria levemente os lábios,
e disparava louco numa canção.
Por favor!
Mas parece,
que antes de se lançarem numa canção,
os poetas têm de andar por dias com os pés em calos,
e o peixe lento da imaginação,
lateja ligeiro no bater do coração.
E enquanto, com a filigrana da rima, eles cozem uma sopa
de amor e rouxinóis,
a estrada sem língua apenas sucumbe
por não ter nada a gritar ou a dizer.
MAIAKOVSKY
que os livros eram feitos assim:
um poeta vinha,
abria levemente os lábios,
e disparava louco numa canção.
Por favor!
Mas parece,
que antes de se lançarem numa canção,
os poetas têm de andar por dias com os pés em calos,
e o peixe lento da imaginação,
lateja ligeiro no bater do coração.
E enquanto, com a filigrana da rima, eles cozem uma sopa
de amor e rouxinóis,
a estrada sem língua apenas sucumbe
por não ter nada a gritar ou a dizer.
MAIAKOVSKY
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