WATLER CRANE

JEAN LEON GEROME

JEAN LEON GEROME

LIVROS RELEVANTES

  • A. Soljenish: Pavilhão de Cancerosos
  • Baltasar Gracián: Arte da Prudência
  • Charles Baudelaire: Flores do Mal
  • Emile Zola: Germinal
  • Erich Fromm: Medo à Liberdade
  • Fernando Pessoa: O Livro do Desassossego
  • Fiódor Dostoiévski: O Eterno Marido
  • Franz Kafka: O Processo
  • Friedrich Nietzsche: Assim Falou Zaratustra
  • Friedrich Nietzsche: Humano, demasiado humano
  • Fritjof Capra: O Ponto de Mutação
  • Goethe: Fausto
  • Goethe: Máximas e Reflexões
  • Jean Baudrillard: Cool Memories III
  • John Milton: Paraíso Perdido
  • Júlio Cortázar: O Jogo da Amarelinha
  • Luís Vaz de Camões: Sonetos
  • Mario Quintana: Poesia Completa
  • Michele Perrot: As Mulheres e os Silêncios da História
  • Miguel de Cervantes: Dom Quixote de La Mancha
  • Philip Roth: O Anjo Agonizante
  • Platão: O Banquete
  • Robert Greene: As 48 Leis do Poder
  • Salman Rushdie: O Chão que ela pisa
  • Schopenhauer: O Mundo como Vontade e Representação
  • Stendhal: Do Amor
  • Sun Tsu: A Arte da Guerra
  • William Faulkner: Luz em Agosto
  • William Shakespeare: Hamlet

EDVARD MUNCH

JEAN PERRAULT

terça-feira, 27 de novembro de 2007

FERNANDO PESSOA

Não me venhais com conclusões!

A única conclusão é morrer.

Não me tragais estéticas!

Não me faleis de moral!

Tirai-me daqui a metafísica!

Não me pregueis sistemas completos,

Não me jogueis conquistas das ciências

- Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos !

Se tiverdes a verdade, guardai-a!

Sou um técnico, mas só tenho técnica

Dentro da técnica.

Afora isso sou louco,

Com todo o direito de sê-lo.


FERNANDO PESSOA

JOHN KEATS

O poeta faz-se vidente por um longo, imenso

e total desarranjo de todos os sentidos.

Para poder adquirir as mais belas imagens,

tem que abrir portas de comunicação em todos

os sentidos. Nenhum cego de nascença pode

ser um poeta plástico, com imagens objetivas,

porque não tem idéia das proporções da Natureza.

O cego está melhor no campo de luz sem limites

da Mística, isento de objetos reais e atravessado

por longas buscas de sabedoria.


JOHN KEATS

MARIA TERESA HORTA

Demoramos depois
de cada passo
cada palavra que temos
na garganta

Cada cidade
ou mesmo cada lágrima

Demoramos depois
de cada largo
um só jardim nos olhos
que não espanta

E um candeiro calado
em cada canto?

e o vento selado
sobre os ombros?

Como a saudade marcada na garganta
e os dedos fincados sobre o sono

E cada hora em cada passo
dado?

E todo o medo transformado em raiva
e toda a dor nos olhos
só em água?

Não não é apenas
aquilo que pensamos
que nos devora enquanto
demoramos


Maria Teresa Horta

ALBERTO CAEIRO

Quando eu não te tinha
Amava a Natureza como um monge calmo a Cristo...
Agora amo a Natureza
Como um monge calmo à Virgem Maria,
Religiosamente, a meu modo, como dantes,
Mas de outra maneira mais comovida e próxima...
Vejo melhor os rios quando vou contigo
Pelos campos até à beira dos rios;
Sentado a teu lado reparando nas nuvens
Reparo nelas melhor-
Tu não me tiraste a Natureza...
Tu mudaste a Natureza...
Trouxeste-me a Natureza para o pé de mim,
Por tu existires vejo-a melhor, mas a mesma,
Por tu me amares, amo-a do mesmo modo, mas mais,
Por tu me escolheres para te ter e te amar,
Os meus olhos fitaram-na mais demoradamente
Sobre todas as coisas.
Não me arrependo do que fui outrora
Porque ainda o sou.


( ALBERTO CAEIRO )

OSCAR WILDE

Disse que dançaria comigo se eu
lhe trouxesse rosas vermelhas.

Mas em todo o meu jardim

não há uma sequer.

Ah! a felicidade depende

de coisas tão pequenas!

Li tudo o que escreveram os sábios,

detenho todos os segredos da filosofia

E, no entanto, devido à falta

duma rosa vermelha,

minha vida torna-se desventurada.



OSCAR WILDE

MARIO QUINTANA

Triste encanto das tardes borralheiras

Que enchem de cinza o coração da gente!

A tarde lembra um passarinho doente

A pipilar os pingos das goteiras...

A tarde pobre fica, horas inteiras,

A espiar pelas vidraças, tristemente,

O crepitar das brasas na lareira...

Meu Deus... o frio que a pobrezinha sente!

Por que é que esses Arcanjos neurastênicos

Só usam névoa em seus efeitos cênicos?

Nenhum azul para te distraíres...

Ah, se eu pudesse, tardezinha pobre,

Eu pintava trezentos arco-íris

Nesse tristonho céu que nos encobre!...


MARIO QUINTANA

ÁLVARES DE AZEVEDO

Anjos do Céu


As ondas são anjos que dormem no mar,
Que tremem, palpitam, banhados de luz...
São anjos que dormem, a rir e sonhar
E em leito d'escuma revolvem-se nus!
E quando de noite vem pálida a lua
Seus raios incertos tremer, pratear,
E a trança luzente da nuvem flutua,
As ondas são anjos que dormem no mar!
Que dormem, que sonham- e o vento dos céus
Vem tépido à noite nos seios beijar!
São meigos anjinhos, são filhos de Deus,
Que ao fresco se embalam do seio do mar!
E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de ventos e mar:
São beijos que queimam... e as noites deliram,
E os pobres anjinhos estão a chorar!
Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar,
Por que não consentes, num beijo de amor
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar?



(Álvares de Azevedo)

ANTONIO BRASILEIRO

A vida é a contemplação daquela nuvem.
E o mundo
uma forma de passar, que inventamos
para não ver que o mundo não é o mundo,
mas uma nuvem
passando.

E uma nuvem passando
ensina-nos mais coisas que cem pássaros
mil livros um milhão de homens.

A vida é a contemplação daquela nuvem.
E o mundo
uma forma de passar, que inventamos
para não ver que o mundo não é o mundo,
mas uma nuvem.
Passando.



(ANTONIO BRASILEIRO)

GLACKENS

JOAQUIM SOROLLA

BOUGUEREAU